Ego

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Pisei todos os caminhos, incluindo aqueles que estavam cobertos de Trevas. Evitei voar sobre eles mesmo na certeza de que o Sol brilhava mais acima daquele lugar. Toquei-me de Trevas e, já sem asas, ausentei-me do Sol.

sábado, 14 de novembro de 2009

A Falta Que Fazes

As portas ao fundo do corredor fecham-se. Tu estás lá dentro e eu não te vejo. Sinto-te apenas, meio aqui e meio lá. Queria correr até ás portas, ter força para abri-las, não ter medo de ter este medo. Chama o meu nome e diz-me como é que as coisas eram antes de nascer. Conta-me sobre as traquinices que fazia, fala-me dos sorrisos, fala-me da alegria que já não recordo. Abraça-me e protege-me como fazias tão bem.
As portas estão fechadas e tu estás lá dentro, eu não estou contigo, nunca pude estar contigo como queria ter estado. Tudo o que recordo de ti arde aqui dentro como sal nas feridas. Ficou tanto por dizer e tanto que podiamos ter feito juntos...
As portas abriram-se ao fundo do corredor. Tu não vieste. Não vieste nunca mais. Terás ido com aquele anjo que tanto querias perto de ti? Terás ido sozinho, cambaleando porque mal te aguentavas em pé?
Durante dezenas de noites sonhei que as portas se abriam e que tu aparecias, eu corria sem medo pelo corredor e pulava para o teu colo. Foram sonhos. Foram apenas os desejos a fragmentar-se em cada noite, a dissolver-se nas lágrimas que fugiam de mim quando acordava a gritar o teu nome e sabia que não vinhas, e não sabia onde estavas.
Avô, tenho pena de te ter perdido, muita pena que não me tenhas continuado a ver crescer e tenho pena que tenhas partido de mim assim quando mais precisava do teu abraço, do teu carinho. Foste embora e eu estava perdida no escuro, foste sabendo que eu estava perdida no escuro. E tenho pena avô, pena que não me tenhas visto escapar do escuro.
Os anos passaram, passaram quase quatro anos avô, e mesmo assim continuo a chorar pela falta que fazes. Fazes falta no meu aniversário, fazes falta no Natal que para mim já não significa nada porque era o dia do teu aniversário e tu já não estás.
Avô, prometo que um dia te encontro e te puxo para fora da sala que as portas ao fundo do corredor trancavam e prometo avô, que não te deixo sofrer, eu não deixo que doa mais.
Hoje estou triste. Dá-me colo Avô.

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