Ego

A minha foto
Pisei todos os caminhos, incluindo aqueles que estavam cobertos de Trevas. Evitei voar sobre eles mesmo na certeza de que o Sol brilhava mais acima daquele lugar. Toquei-me de Trevas e, já sem asas, ausentei-me do Sol.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Returns to me my lost lover

Se eu conseguisse tocar o passado, nem que fosse apenas com a ponta dos meus dedos, , tocar-te-ia. E se eu conseguisse falar ao passado, ele responder-me-ia com a tua voz. Ainda oiço os teus gritos que me rasgavam a carne, ainda te vejo caminhar na minha direcção, ainda te vejo caminhar numa direcção inversa à minha. Cada passo que deste para longe de mim ficou marcado a sangue no caminho, e nem o facto de teres prometido voltar amenizou o peso que se abateu sobre mim. Esperei-te. Estações vieram e foram. Os teus passos marcados a sangue no caminho não se desvaneceram. Nem um sinal. Nada chegava para adormecer a dor. E doía-me o corpo até à alma. Chegaste uma noite ao mundo para onde me transportava enquanto dormia: vi-te olhar o céu com raiva e desespero e vi-te gritar o meu nome com palavras de pedra manchadas de sangue e lágrimas. E a noite abateu-se sobre mim e sobre todos os nossos lugares, os lugares que já não eram nossos porque, tal como eu, já não te podiam ter.
Ficou a recordação vaga, muito vaga e desvanecida da tua presença. Ficou a cicatriz da tua partida gravada no meu peito, o frio do teu corpo privado do meu toque abraçou-me a alma. O sabor do teu sangue na minha boca. E consumi-te com raiva e amor, desejo e aversão: deixaste-me com a ilusão da tua promessa. E o nosso amor só foi eterno sobre a égide da minha memória.





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