Condundi as palavras e os significados de cada palavra. Por cada sombra, um raio de luz. Escrevi as palavras que me disseste, escrevi cada palavra como se fosse a única. Guardei a folha escrita das tuas palavras no cofre do meu peito aberto, fechei o cofre com o código da sonoridade da tua voz. O cofre ficou fechado, o meu peito manteve-se aberto. No meu peito aberto e escuro ficou o cofre e lá dentro ficou a folha escrita por mim com as palavras que me tinhas dito, que podias ter dito, e eu não queria esquecer. Foram palavras que me disseste enquanto pensava em ti, enquanto te transporatva para perto de mim sem saber sequer onde estavas. Foram palavras que se ouviram no interior do que sou e que fizeram eco no reflexos apagados do que podia ser. As palavras que escrevi mais ninguém podia ter escrito, só eu ouvi as palavras. Só eu senti as palavras. Misturei as palavras e tentei formar uma frase bonita para guardar no cofre. Uma frase bonita que tu me tinhas dito. Uma frase bonita que eu queria que me tivesses dito. As palavras: amo-a, quero, estar, com, ela, se, soubesses, como, ela, é, linda, sinto-me, vivo, perto, dela. E eu a tentar formar a frase bonita que me podias ter dito.
Confundi as palavras e os significados de cada palavra. A frase: Amo-te, quero estar contigo. Se soubesses como és linda... Sinto-me vivo perto de ti! E o meu sorriso ao ler a frase, a frase que criei com as palavras que me disseste. Disseste-me tantas vezes que a amavas, e o meu sorriso a transformar-se em raiva, e ódio, e dor, solidão. Rasguei-te as cordas vocais para abrir o cofre e tirei de lá a folha, queimei com a chama do meu sangue cada palavra, cada linha; adormeci sobre as cinzas da folha e sobre os restos das tuas cordas vocais. Adormeci com o cofre aberto, com o peito aberto e mais escuro, mais frio. Adormeci sem palavras ou frases bonitas ditas por ti, e não fui feliz mas fui real.
1 comentários:
Absolutamente, perfeito!
Continua a escrever.
Abraço.
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