Ego

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Pisei todos os caminhos, incluindo aqueles que estavam cobertos de Trevas. Evitei voar sobre eles mesmo na certeza de que o Sol brilhava mais acima daquele lugar. Toquei-me de Trevas e, já sem asas, ausentei-me do Sol.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Duas Horas

Agredis-me com beijos envenenados. As tuas mãos macias deixam nódoas negras no meu corpo, e tua voz doce fere os meus ouvidos. Sinto a tua respiração no meu pescoço como uma corda que me estrangula de desejo, deixas-me sem conseguir respirar.
Não vês as lágrimas nos meus olhos? Não consegues sentir o sabor do sangue na minha boca?
Levas-me para a cama e obrigo-me a ser tua mesmo sabendo que nunca és meu quando te dás. Onde foste?
Dispo-te enquanto me despes e toco-te. Injecto-me com o prazer que te dou, que me dás. E no impulso peço-te coisas loucas e porcas: sei que vais satisfazer todos os meus pedidos por duas horas. O nosso amor é para sempre durante duas horas e depois: a porta a fechar-se, o calor a tornar-se gelo e eu, eu a morrer de fora para dentro sem me conseguir mexer ou falar. O brilho nestes olhos meus deixa de ser de prazer, é apenas dor que flui em mim, e os gemidos esqueceram-se do prazer para abraçar o choro incontrolável. Afinal as tuas mãos macias eram tão ásperas e pesadas que deixaram, em cada centímetro do meu corpo, feridas abertas que ardem como as fogueiras da Inquisição. A tua saliva tornou-se ácido que me comeu a pele e corroeu a carne.
Volta atrás! Quero-te outra vez durante mais duas horas, dentro de mim a fazer-me sentir viva. Volta atrás e dá-me o teu amor eterno por duas horas.

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