Guardei-me num refúgio para loucos e esperei.
Esperei;
que alguém chegasse lá daquele sítio para me levar dali e não chegou ninguém.
Ninguém;
veio e aos poucos vi-me desvanecer por entre o espaço que nos separava e chorei.
Chorei;
tanto que me esqueci do que ainda era e tornei-me nada.
Nada;
é o que resta daquelas memórias que deixaste tatuadas em mim como cicatrizes.
Cicatrizes;
tenho-as espalhadas pelo meu corpo frágil e desprotegido.
Desprotegido;
continua quebrando-se contra os rochedos da tua ausência.
Ausência;
que me envenena até aos ossos, corroí-me a alma.
Alma;
que é feito de ti? Pareces estar mais distante que esta distância que o separa de mim.
Estou aqui, num refúgio para loucos.
Queria fugir da loucura do mundo para me reencontrar. Ter tempo para ficar só comigo, ou só com ele.
Estive aqui tanto tempo, suspensa nas teias desta falta que sinto, só agora percebo que para sobreviver à loucura do mundo precisava de ser um pouco mais louca.
Ego

- Joanaa Luna
- Pisei todos os caminhos, incluindo aqueles que estavam cobertos de Trevas. Evitei voar sobre eles mesmo na certeza de que o Sol brilhava mais acima daquele lugar. Toquei-me de Trevas e, já sem asas, ausentei-me do Sol.
sábado, 24 de outubro de 2009
Refúgio de Loucos
Publicada por Joanaa Luna à(s) 17:23
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