Ego

A minha foto
Pisei todos os caminhos, incluindo aqueles que estavam cobertos de Trevas. Evitei voar sobre eles mesmo na certeza de que o Sol brilhava mais acima daquele lugar. Toquei-me de Trevas e, já sem asas, ausentei-me do Sol.

sábado, 26 de setembro de 2009

Post Mortem

Em tempos fui outra. Um pedaço de carne enfraquecido com olhos quase mortos, absorvidos pelas chamas apagadas de uma quase vida quase morte. No espelho de reflexos já não me reflectia, pensava eu. Na verdade, apenas não reconhecia o meu próprio reflexo. Tudo o que conseguia enxergar era aquela mancha esborratada que mais me parecia um corpo no seu 20º dia de decomposição, quando o corpo já não é de pele, carne e osso, apenas um amontoado de vermes sedentos da podridão das vestes da minha alma triste . E morria . Olhar já de nada me servia, a capacidade de observação perdera-se lá do outro lado, naquele lado inquieto e frio onde existiam monstros de vozes mudas que gritavam em silêncio coisas pequenas mas imensas que me impediam de ver.
Mordia os lábios até sangrar e com tranquilidade sentia o sangue escorrer pelos cantos da minha boca misturado com a saliva envenenada pelo espírito . O coração sorria encantado pela sonoridade do metal que quebrava a minha pele, rasgava-me a carne e alimentava de sangue o pesar da consciência.

E eram todos felizes, na ignorância da minha dor.


0 comentários: