Se soubesse que ia ser assim tinha-te deixado do outro lado do mundo. Ter-te-ia empurrado para fora das correntes da minha carência antes de conseguires sequer tocar a fragilidade da minha pele.
Mas eu não sabia!
Abri-te a porta: é uma porta tão leve, tão transparente. Não é difícil transpô-la.
Tocaste-me a pele e eu sorri. Olhaste-me os olhos e eu vi as cores do mundo. Abraçaste-me e eu suspirei. Fechei os olhos com força: queria ter a força para fazer aquele momento durar para sempre. E se não o pudesse fazer durar para sempre no tempo do Mundo, queria faze-lo durar no nosso tempo, na nossa (talvez unicamente minha), ainda pequena, construção.
Mas eu não sabia! Não sabia que ias queimar a minha pele com o teu toque, que ias encurralar-me nos teus olhos e sufocar-me nos teus braços. Eu não sabia que ias fazer tudo isso e que depois ias fazer do meu tempo um tempo diferente do teu: dois tempos que não tinham como se cruzar. Se eu soubesse...
Tentei de todas as formas impedir-te de ir, de partir de mim: agarrei-te sem que sentisses, chorei-te sem que visses mesmo quando chorava diante de ti, gritei por ti mesmo sabendo que não me ouvias, atirei-me para o chão coberto de nada e rastejei enquanto chorava lágrimas de sangue, lágrimas de sangue que nasciam nos meus pulsos.
Nunca me prometeste nada. Nunca me disseste "Para sempre!". Nunca me disseste "Vou desfazer o nosso tempo e transformá-lo em dois: tu segues no teu e eu no meu. Em direcções opostas."
Eu não sabia! Eu não queria saber! Mas se soubesse...
Se eu soubesse ter-te-ia aberto a porta transparente e leve que dá acesso ao lado desprotegido do meu ser despedaçado, ter-te-ia deixado tocar-me a pele mesmo sabendo que o teu toque era de fogo, ter-me-ia encurralado nos teus olhos, e ter-te-ia deixado sufocar-me nos teus braços. Porque mesmo sabendo de toda essa desgraça se iria abater sobre mim, eu só queria ter-te! Porquê? Porque nenhuma dor é maior do que a dor de estar ausente de mim na presença da própria solidão.
Ego

- Joanaa Luna
- Pisei todos os caminhos, incluindo aqueles que estavam cobertos de Trevas. Evitei voar sobre eles mesmo na certeza de que o Sol brilhava mais acima daquele lugar. Toquei-me de Trevas e, já sem asas, ausentei-me do Sol.
domingo, 28 de março de 2010
Publicada por Joanaa Luna à(s) 09:56 0 comentários
quinta-feira, 25 de março de 2010
Carpe Noctem
Cair. A queda foi a primeira coisa que senti quando me dei conta de mim. Comecei por cair devagar, as penas fugiam-me das asas fortes e grandes, das asas protectoras. Depois o processo tornou-se rápido: quanto mais me aproximava do vosso lugar menos protectoras se tornavam as minhas asas. As penas já não caíam por si, eram-me arrancadas à força pelo vento que soprava ecos de miséria, fragilidade, abandono, culpa. Despareceram-me as asas. As penas ficaram sujas da lama que os vossos pés carregavam, que a vossa alma emanava. Desfizeram-se, afogaram-se, ausentaram-se.
Sem asas, sem penas nas asas que já não tinha: perdi tudo aquilo que fazia de mim o que era (por fora). Aqui dentro: no peito, no fundo do peito, no corpo, nos ossos e na carne que protege os ossos, no sangue, nas veias por onde corre o sangue, no coração que o bombeia, na pele fria que toca energias e que as absorve, alma. Alma, minha triste alma!
Não queria despedaçar-me, fragmentar-me. Olhei-os de cima para baixo e lembrei-me: "Não posso mais olhá-los de cima para baixo! A minha cidade já não é uma cidade de anjos, já não existe espaço para os anjos nas cidades. Os que restaram foram consumidos pelas batas brancas, amarrados pelos pulsos em camas de ferro branco e frio. Não posso olhá-los sem que eles me vejam cair." Chorei. As minhas lágrimas quebraram-se no vazio aflito daqueles olhos: "Joana, tu não tens asas! Joana, tu não sabes voar!"
Era noite. Fazia frio. Chovia. Gritavam: "Não tens asas!"
E eu aqui dentro gritava em silêncio: "Se eu ainda tivesse asas abraçava o Mundo para deixá-lo abraçar-me."
Publicada por Joanaa Luna à(s) 08:18 0 comentários
terça-feira, 23 de março de 2010
sábado, 20 de março de 2010
Hide inside
People are talking something about a girl
Just one more girl
A girl that have killed herself
She's far away from home
Oh I know what it feels
when you just can't still keep on breathing
when you feel so unreal
when you wake up and think that you’re still dreaming
There's no tears in her eyes
There's no blood running into the night
And I just have one wish:
Oh girl, tell me why?
I still hear people talking,
And I just can't hear them anymore!
Cause they couldn’t see that she feels like a whore,
Just because she doesn't cry and she doesn't scream
Remember that that's not enough for me to want to still be here
"Oh my love, I wanna let you know
There I'm going just because you went
You left me here, alone and cold
I feel nothing in this fucking world"
"No darlings, you won't see my blood
I'm dying, hanging myself
Don't try to understand my causes
Because I know that you'll never think about me in hell!
"I die alone in the bathroom
When everybody's home, in my home
A boy has found me. Oh! "She's not breathing." ( I'm not breathing)
A boy has found me. Oh! "She never used to cry or scream"
You'll never know what real pain is
Coming around the world, like a shadow on the grave
I've dreamed so much
I’ve loved you so much, like you’ve never deserved
You said "nevermind" and I went home
And in that moment I felt like I've been walking alone
All your lies are suffocating me
All your fucking lies are killing me
It feels like your hands are in my throat
And for a moment I feel like you never gone
I wrote this letter, it's about a girl
And it doesn't matter
If I never met her at all
I’ve just heard people talking about a suicide
And I remembered: “I want to die!”
She slowly opened the last door
She slowly closed the last door
She's not crying ... just on the inside
What she felt, she has hidden all these time
All the love’s so far away: no boy, no home, no hope, no escape
Water’s running, she can't even hear the sound
She looks at the mirror and finds herself alone
Look around and see… what did you find?
Something that put an end in her life
An impulsive feeling makes her eyes see
"A way to die quickly and these wouldn’t be so bad"
NO, NO, NO!
I've screamed to you that you haven't got to go
But, oh girl, we never knew
Maybe some times we said "hello"
but I was so blind that I couldn't see your empty soul
When you looked at the mirror I know what you've seen:
"No love, no home, no one to hug me; I'm so sick and tired,
I've got to run away and end my life"
"I feel like no one is missing me here. Maybe I'm wrong
People see me laughing and they think that's real.
Oh they're so blind"
Oh sweet girl they would never mind
that the only thing that's real is the pain inside
I'm gonna tell you a secret, please don't tell it to anyone:
when I feel like I’m dying inside, when I'm feeling so alone
I pick up a knife or a razorblade
I make the razor crawl deep into my arms
and the blood flows, my blood is running away from me
and in that time I'm feel so free
Oh sweet girl, that's our reality
I miss you, I really do
it's so strange…
Oh I feel like I’ve never meet you.
Maybe it's only my sickness talking
but I feel you around when I'm walking!
No fake smiles, no more lies
he said "nevermind" and my sweet girl said "goodbye"
Publicada por Joanaa Luna à(s) 19:31 0 comentários
sexta-feira, 5 de março de 2010
Passo a passo
foto by: C.L. \ modelo: Tiago dos Santos
Com os maiores agradecimentos
Publicada por Joanaa Luna à(s) 16:08 3 comentários